5S - A Base para a Segurança do Trabalho

5S - A Base para a Segurança do Trabalho
Programa 5S

09/06/2023

5S – A Base para a Segurança do Trabalho

 

Haroldo Ribeiro*

 

 

Muitas empresas têm investido maciçamente em Segurança do Trabalho para evitar acidentes, ora eliminando as condições inseguras, ora conscientizando profissionais de todos os níveis para evitar atos inseguros. Nas últimas três décadas é crescente o número de empresas que procuram adotar o 5S como um grande aliado da Segurança, utilizando os conceitos criados no Japão como base física e comportamental para evitar os acidentes, inclusive nas auditorias e Diálogos de Segurança.

 

A denominação 5S é devida às cinco atividades que fazem parte da metodologia criada no Japão no final da década de 1950:

 

SEIRI – Utilização, Seleção, Classificação – Utilização adequada dos recursos e instalações evitando desperdícios.

SEITON – Organização, Ordenação, Arrumação – Ordenação adequada dos recursos tornando o ambiente seguro e produtivo.

SEISO – Limpeza – Limpeza com postura de Inspeção visando o zelo pelos recursos e instalações.

SEIKETSU – Padronização, Saúde e Higiene – Padronização de ambientes e atitudes e Sistemática para a manutenção dos 3S; Saúde e Higiene no ambiente de trabalho.

SHITSUKEAutodisciplina – Autodisciplina para manter a ordem e a limpeza no dia a dia e para o cumprimento de normas, regras e procedimentos.

 

Algumas empresas, literaturas e consultorias costumam adicionar a Segurança ao Programa 5S, passando a denominá-lo “Programa 6S”. Porém, quando nos aprofundamos nos conceitos genuínos do 5S descobrimos que cada um dos “S” já inclui a segurança das instalações e do trabalho à medida que os praticamos.

 

O SEIRI prega que devemos ter no ambiente de trabalho os recursos adequados, na quantidade adequada, que os utilizemos de maneira adequada e que estejam em plenas condições de uso. O SEIRI critica severamente improvisações e problemas de conservação que gerem riscos, além de criticar a utilização inadequada que possa gerar uma condição insegura.

 

Quando observamos criticamente um ambiente de trabalho, verificamos algumas mazelas relacionadas à este “S”, que têm relação direta com riscos de acidentes. Por exemplo:

  • Improvisações feitas sem a devida análise de riscos.
  • O uso inadequado de um determinado recurso, como dispositivo, ferramentas, meios de produção, etc.
  • Problemas de conservação de máquinas, equipamentos, ferramentas, dispositivos e outros recursos, incluindo falta de proteções, cantos vivos, superfícies cortantes ou perfurantes, choques elétricos, etc.

 

O SEITON consiste em ter locais de trabalho com locais definidos e adequados para a guarda de cada recurso. Sempre que necessário, os recursos, ambientes e locais de guarda devem estar identificados e sinalizados, possibilitando um acesso seguro e rápido por todas as pessoas que trabalhem ou circulem no ambiente de trabalho. Um layout eficiente e seguro e a manutenção da ordem, também fazem parte deste Senso. Tudo isto, torna o ambiente de trabalho mais seguro.

 

Neste “S”, é comum encontramos várias anormalidades que geram riscos de acidentes. Por exemplo:

  • Ausência ou deficiência de sinalizações de advertências.
  • Ausência ou deficiência de identificações de itens que podem gerar dúvidas ou até mesmo erros em seu manuseio, principalmente produtos químicos.
  • Lugares de armazenamento de materiais indefinidos e/ou inadequados, tornando inseguros o acesso e a reposição.
  • Mistura de materiais incompatíveis podendo gerar incêndios e até explosões.
  • Materiais empilhados, espalhados ou largados sem critério, podendo gerar tropeços, batidas de cabeça contra, quedas sobre, machucão em dedos, etc.
  • Deficiência de layouts gerando riscos durante acessos e circulação de pessoas e meios de transporte.

 

 

O SEISO tem como principal objetivo a manutenção da limpeza de ambientes e instalações. Para tal, a eliminação de fontes sujeira e a postura de inspeção durante a limpeza geram um ambiente mais seguro por ter menos ou nenhuma sujeira e por possibilitar a detecção precoce de anormalidades, incluindo condições inseguras. Uma postura inadequada para a limpeza repercute em uma falta de zelo pelos recursos, instalações e equipamentos.

 

Os problemas mais comuns relacionados à segurança, atacados por este “S” são:

 

  • Resíduos largados pelas pessoas ou gerados pelos processos e intempéries, que podem provocar escorregões, contaminação de pele ou contaminação do ar.
  • Geração desnecessária e/ou destinação inadequada de resíduos prejudicando ao meio ambiente.
  • Problemas de conservação ocultados pela sujeira acumulada e que geram riscos de acidentes.

 

O SEIKETSU tem uma relação direta com a Segurança, já que neste Senso são discutidos problemas ergonômicos, de contaminação dos ambientes e de higiene pessoal como utilização adequada de banheiros, vestiários, copas e EPIs.

 

  • Os principais problemas de Segurança e Saúde Ocupacional encontrados neste “S” são:
  • Desconhecimento de riscos auditivos, químicos, biológicos e ergonômicos.
  • Utilização inadequada de recursos ergonômicos e de procedimentos de trabalho relacionados à saúde ocupacional.
  • Não adesão à ginástica laboral (quando existe).
  • Problemas relacionados à higiene pessoal como o uso inadequado de uniformes, de EPI´s, de banheiros e copas, incluindo alimentação em ambientes impróprios.

 

O SHITSUKE não se limita apenas a manter os três primeiros “S” no dia-a-dia, mas também prega que as Normas de Segurança e os Procedimentos de Trabalho sejam cumpridos voluntariamente pelas pessoas, sem depender de monitoramento ou cobranças.

 

Este é o “S” que tem maior contribuição com a Segurança, pois normalmente as pessoas que não têm autodisciplina para as coisas e atividades mais simples, que são tratadas pelo 5S, também demonstram deficiência no cumprimento autônomo e voluntário das Normas de Segurança e dos Procedimentos de Trabalho. Por exemplo:

  • Não utilização de EPI´s
  • Não cumprimento rigoroso e autônomo do que são estabelecidos em Normas, ART´s, Permissões de Trabalho (PT), etc.
  • Necessidade permanente de monitoramento pela supervisão e clientes internos ou externos.
  • Falta de proatividade para eliminar riscos e abordar outras pessoas em atos inseguros.

 

Para áreas operacionais, o 5S não é só o “Amigo” da Segurança, ele é o seu “Irmão Gêmeo”, já que em várias situações a prática de 5S e de Segurança se confundem em uma só. Em Resumo: O 5S é a Base para a Segurança Comportamental.

 

Haroldo Ribeiro é consultor especializado no Japão e autor de mais de 20 livros sobre

www.pdca.com.br - E-mail: pdca@terra.com.br


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 Diretor da PDCA - Consultoria em Qualidade e Consultor especializado no Japão.  Administrador de Empresas e Engenheiro Mecânico, Pós-Graduado em Manutenção Mecânica.  Professor de Pós-Graduação da FEI - Faculdade de Engenharia Industrial, São Paulo e de MBA do INPG (Escola de Negócios).  Engenheiro e Auditor da Qualidade Certificado pela American Society for Quality – Estados Unidos, desde 1991.  Criador da “Certificação 5S”, utilizada em vários países para validação do nível de excelência em 5S, desde 1996.  Criador dos mais completos portais, aplicativos e produtos digitais sobre 5S e TPM do mundo.  Autor do maior número de livros de 5S e TPM do mundo (35 livros).  Tem artigos publicados no Japão e em várias revistas brasileiras, além de consultorias realizadas na Europa e países latino-americanos desde 1995.  Proferiu palestras e treinamentos de 5S e TPM para mais de 60 mil pessoas, desde 1990.

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